A obra de Sarmento viria a adquirir pleno sentido e entendimento durante a década de 1980, em que regressou à pintura, depois de uma fase mais marcada pela fotografia e pelo cinema. Para além das diversas fases por que passou, e das diferentes técnicas utilizadas – pintura, desenho, fotografia, vídeo, cinema, escultura – uma constante se identifica: o desejo. Esse desejo é, em primeiro lugar, o desejo de um corpo, forçosamente feminino, que se desenha incompletamente por sobre as superfícies texturadas a branco ou verde. Mas é também a fragmentação de imagens que surge nas obras dos anos de 1980 (como, por exemplo, Estratégias de Sobrevivência, de 1984, ou Mehr Licht, de 1985). A referência ao desejo não implica, necessariamente, na obra de Sarmento, a representação de figuras ou situações explicitamente sexuais. A partir do fim desta década, a sua pintura adquire fundos extremamente texturados. Sobre estes fundos, inscreve-se uma figura ou uma cena, ou ainda fragmentos de diversas figuras, sempre por completar, sempre com uma sugestão de contida violência que nunca é realizada: são as séries das Pinturas Brancas e Emma.
Sarmento tem conduzido uma carreira internacional a partir da sua residência em Sintra, foi o único representante de Portugal na 47.a Bienal de Veneza (1997), onde voltou a expor em 2001, e das suas exposições individuais salientam-se: Werke 1981-1996 (1997), Haus der Kunst, Munique; Fundamental Accuracy (1999), Hirshhorn Museum e Sculpture Garden, Washington D.C.; Flashback (1999), Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia, Palacio de Velázquez, Madrid; Something is Missing (2002), Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Porto (com Atom Egoyan).
A sua obra está presente nas coleções do Museum of Modern Art e do Solomon R. Guggenheim Museum, Nova Iorque, do Hirshhorn Museum, Washington, do Centro Georges Pompidou, Paris, do Hara Museum of Contemporary Art, Tóquio, assim como da Staatsgalerie Moderner Kunst, Munique.